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Qual Arduino é melhor? Primeiro vamos à saga da Arduino. Agora estão atacando as lojas virtuais fora do Mercado Livre também, conforme fui informado por um vendedor que pediu discrição. E por que ele pediu discrição? Bem, no e-mail que ele recebeu disseram que ele não poderia divulgar a conversa. Vamos lá.
Se não sabe ainda de que se trata, sugiro que leia o artigo onde essa história começa.
Se eu quiser tirar uma foto dos meus documentos e postar na Internet eu posso. Por qual razão um email que eu "não pedi" pra receber é mais importante que meus documentos? Somente processos em execução e em segredo de justiça não podem ser divulgados, mas só até que se retire o sigilo. Esses barnabés que estão notificando os vendedores não têm autoridade nenhuma pra exigir nada.
A questão da aparição do logo ao lado da palavra UNO nas placas paralelas (e feitas a partir do projeto aberto pela própria Arduino) remete ao Arduino original. Isso é um problema, porque as placas da China já vêm com silk nesse formato em diversos casos. Mas nada que um adesivo sobre o silk não resolva. Mas se a placa vem apenas escrito UNO com fonte diferente, claro que a palavra pode ser usada, pois UNO é 1 em italiano e em espanhol. Ninguém detém os direitos sobre palavras do dicionário. Portanto, essa placa pode ser vendida e exibida, mas não deve ser chamada de Arduino:
Já uma placa como essa a seguir pode ser vendida mais tranquilamente ainda. Lembre-se que podemos falar "Baseado no projeto original do Arduino UNO" ou coisas do tipo, já que o projeto é open hardware e open source.
Mas e o logo? simples: pode usar o logo de infinito se não estiver associado à palavra UNO, bastando não ter as mesmas proporções do logo original, já que o símbolo do logo representa o infinito, e não é propriedade de ninguém. Mas o símbolo de adição e subtração não poderão estar contidos no símbolo de infinito.
Pra ser sincero? Prefiro 1000 vezes essa placa:
Pode haver diferença de funcionamento se não for feito a partir do projeto livre. Mas ninguém seria burro de redesenhar o projeto que é open hardware, por isso todos são bastante similares. Pode haver diferença sim, se os componentes utilizados não forem iguais, mas a priori ninguém quer ter problema de produção e essas versões com SMD são montadas em pick & place. Tenho várias placas, UNO original e as feitas a partir do projeto. Não faz a menor diferença. Nunca fez. Por isso minha recomendação é: Compre as placas chinesas, não compre a produzida pela Arduino. Primeiro porque o custo é extremamente maior e eles não oferecem documentação para os vendedores importarem, ou seja, suporte "UNO - 1". Depois, o Arduino só se popularizou no Brasil graças à China e aos vendedores guerreiros que fazem importação da China, porque se dependesse da Arduino estaríamos na idade da pedra.
O que popularizou as microcontroladoras no mundo foi o Arduino, a meu ver. Porém o Brasil não esteve nos planos, ao menos até agora. Por que valorizar quem sempre te desprezou? E primordialmente o que caracteriza o funcionamento das placas baseadas no projeto original é a MCU, que é o Atmega328P para o Arduino UNO. Partindo disso, "é tudo Arduino", nunca você verá diferença.
Por fim, se for pra começar, já vá direto para o ESP8266 ou ESP32, que são igualmente programáveis através da IDE do Arduino - que digo - assim de passagem - é uma porcaria. Eu uso Visual Studio Code no Linux e PlatformIO como plugin, sendo que dessa forma tenho muitos outros recursos que a pífia IDE do Arduino não oferece, como auto-completion - fundamental para estudantes e profissionais, porque isso agiliza muito no desenvolvimento.
Em suma, o Arduino é totalmente dispensável para quem quer começar a usar microcontroladoras, e facilmente substituível para quem já tem projetos nessas placas.
Para não ser injusto, o Arduino 101 Industrial é incrível, é um híbrido com o ATmega32u4 e uma MIPS. Não é baratinho, mas na MIPS roda um Linux e ambos os processadores se comunicam. Já escrevi alguns artigos a respeito:
O primeiro acesso ao Linux dela.
Acessando o Linux pelo Atmega.
O Arduino Esplora também é legal para crianças, pois tem um monte de hardware agregado para quem quer aprender.
Pode haver mais de uma instituição fazendo as denúncias? Sim, pode. Pode até ser que isso esteja sendo feito por alguém que venderá Arduino original no Brasil e está tentando derrubar concorrência.
Pode ser muitas coisas, e como não há uma nota oficial sobre a razão que levou a toda essa bagunça, podemos supor o que quisermos. A única certeza até agora é quem está fazendo as denúncias no Mercado Livre usa o e-mail arduino-ip-team@incoproip.com.
Por esse vídeo, fica claro que é mais uma c4g4d4 vinda diretamente da Europa agora, infelizmente. O site deles é esse, mas eles podem atuar conjuntamente com seus parceiros Bird&Bird, stobbs, WIGGIN, WRi e ROSCHIER. Claro, ninguém trabalha de graça e o maior interessado só pode ser a Arduino.cc.
A melhor opção é seguir as recomendações acima, evitar usar o pomposo nome Arduino e dentro do possível, recomendar a substituição por algo livre como o ESP8266 e ESP32, que são tão simples quanto, de compor uma placa própria com sua MCU castellated e, de quebra, tem montes de modelos com montes de recursos a mais que o Arduino.
A última sugestão é lançar uma placa chamada Trairíno, em homenagem a traição com a comunidade que esparramou o nome da marca, desenvolveu uma infinidade de bibliotecas livres e faz eventos especiais como os Arduino Day, sem requerer um resistor da instituição.
Revisão: Ricardo Amaral de Andrade
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Autor do blog "Do bit Ao Byte / Manual do Maker".
Viciado em embarcados desde 2006.
LinuxUser 158.760, desde 1997.