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O Raspberry oferece bastante de tudo; domótica, robótica, IoT, agro-negócio, inteligência artificial e, para lazer, games. Podemos fazer um pouco de tudo com ele, mas em relação a games temos imagens de sistemas especializados em emuladores; e mais diversão ainda quando se utiliza um controle arcade USB.
Já escrevi como rodar jogos de DOS no Raspberry nesse outro artigo. Nesse segundo artigo relacionado a jogos, veremos como montar nosso próprio controle arcade para os saudosos jogos de fliperama.
Vou tocar no assunto com muito critério.
Para ser pirataria, depende da legislação de cada país, inclusive da validade dos direitos detidos pela empresa, que necessitam de renovação.
Muitos jogos antigos já não tem mais risco por conta disso, mas as empresas podem renovar os direitos e inclusive algumas estão fazendo isso, pois está na moda emuladores. Isso acaba sendo bom, porque os próprios detentores fornecerão os emuladores no final, mas em contrapartida, se o custo for alto será difícil mantermos uma base de jogos relevante. Convenhamos que uma imagem com mais de 10.000 jogos não passa de uma lindíssima coleção, ninguém jogará todos eles.
Se houver novo licenciamento, sim, será pirataria. Se houver console oficial dos games em venda hoje, sim, é pirataria. Se estes jogos estiverem em sua imagem, opte por não jogá-los ou até mesmo excluí-los.
Se estiver utilizando jogos que não tem console, enquanto não for requerido pelo detentor dos direitos, não há ilegalidade.
Citados todos os anteriores, fique claro que esse artigo não é um tutorial de incentivo à pirataria, mas apenas um resgate da infância de muitos de nós, além de ser uma forma de repassar para nossas gerações a informação dos primórdios dos games digitais. Qualquer afirmação a respeito é especulatória, até que haja precedência.
Agora, pra finalizar, se um dia todos os jogos se tornarem ilegais em emuladores, tenha certeza que o foco das autoridades será em distribuidores, revendas, desenvolvedores de emuladores e afins. Não vale o custo processual e investigativo para ir atrás de cada usuário de emulador, portanto, fique tranquilo e deixe que empresas como a Brevit tomem os cuidados para entregar a você sempre o melhor, mais prático e seguro resultado.
Existem diversos consoles completos para venda, mas se você está durango como eu, pode optar em montar seu console. Se já tem um Raspberry Pi 3, ótimo, o custo agora será bem baixo para completar a tarefa.
Pegue um kit controle arcade no nosso parceiro Baú da Eletrônica (link direto para o produto), uma caixa de papelão dos correios e um estilete. Depois, quando tiver um dinheiro sobrando, compre um case pronto. Em breve devo disponibilizar o projeto de um case bonito em CAD para quem quiser mandar cortar a laser.
Vai ficar muito feio na caixa de papelão? Com certeza não se parecerá com um produto de loja, mas ficará legal o suficiente pra parecer um projeto maker e propiciar a diversão pretendida.
Esse kit é simples de montar, aliás, pode ser montado na ordem que desejar. Todos os conectores tem sua respectiva posição, exceto os botões, que podem ser montados a contento ou então seguir um desses planos:
Eu vi algumas variações dessa placa, mas no final todas tem as mesmas coisas. Na parte de trás está silkado K1 k2 k3 k4 L1 R1 L2 R2 e assim por diante. Monte como desejar, se não for possível fazer o remapeamento dos botões, então troque as posições dos cabos para como lhe convier.
Montar na caixa de papelão me permitiu encontrar a posição mais agradável para os dedos, além de perceber o melhor posicionamento do conjunto em relação aos cabos. Basicamente, apoiei os dedos sobre a caixa de modo que ficasse confortável, então passei o lápis nas respectivas posições das pontas dos dedos, depois tracei o diâmetro com um compasso.
Os botões maiores tem 15mm de raio e o menor tem 12mm de raio.
Apenas para complementar, a caixa que utilizei foi da RoboCore, relacionado ao robô desse outro artigo, que ainda terá uma continuação interessante, logo que eu tiver o material faltante em mãos.
O primeiro teste que fiz foi com o jogo A Lenda do Herói, dos irmãos Castro. O jogo é incrivelmente divertido e roda em Linux e Windows. Mas não em Raspberry.
Esse exemplo de calibração do controle arcade USB é apenas para o caso de querer utilizá-lo no desktop, a calibragem é local, a placa controladora é burra.
Como o tenho em meu notebook, aproveitei para testar o controle arcade USB. Instalei o programa joystick (não sei se seria necessário calibrar, mas o fiz):
sudo apt-get install joystick
Ao conectar o controle, aparecerá um dispositivo /dev/input/js0.
Para confirmar a descoberta do dispositivo, temos duas outras formas; uma é a listagem do dispositivo pelo link simbólico criado no diretório by-id:
E o outro é pelo comando lsusb:
No caso, esse controle arcade USB aparecerá como DragonRise.
Para calibrar, utilize o comando:
jscal -lc /dev/input/js0
Aguarde até que ele solicite a movimentação do controle nos respectivos eixos, siga a orientação e seu joystick estará devidamente calibrado.
Tem algumas opções que facilitam o processo. Invés de ficar horas ou dias procurando por jogos, instalando emuladores e perdendo tempo com algo que não é o objetivo principal, você pode optar por uma imagem de sistema contendo milhares de jogos e dezenas de emuladores. Fiquei bastante interessado em uma delas em particular, sendo a da Brevit, que disponibiliza imagens de sistemas para download, assim como as vende em cartão, prontas para uso. Apesar de termos a possibilidade de uma conexão rápida com a Internet, ainda assim baixar uma imagem de 128GB não é algo trivial, caso deseje a imagem mais completa.
Essa é a imagem mais atual baseado no Batocera 5.23, no momento desse artigo:
Próximo passo, gravar a imagem no cartão.
Para gravar o sistema, o processo é exatamente o mesmo de qualquer outro sistema para Raspberry. Se estiver utilizando o Raspberry Pi 3B+, pode fazer o boot por um HD ou pendrive na USB. Resolvi fazer o boot por um HD que tenho sobrando, já que não tenho SD de 128GB. Claro que o ideal seria um SSD, não pela velocidade, mas por não ser mecânico e consumir pouca energia.
Testei primeiramente com o pendrive e Raspbian, funcionou, mas com HD e a imagem do Batocera da Brevit no HD não. Para fazer os testes comprobatórios, instalei a imagem do Raspbian no HD. Funcionou:
"Vamos ao debug". Coloquei novamente a imagem de 128GB no HD externo para ver se por acaso foi algum erro na gravação.
Não, não era erro da imagem. Mas colocando o HD na USB do notebook, pude acessar a partição de boot do sistema, então bastou mudar a referência de boot /dev/mmcblk0p1 para /dev/sda1 no arquivo cmdline.txt contido na partição de boot e pronto!
Se desejar fazer boot externo também mas seu Raspberry é o 3A ou 3B, um procedimento extra será necessário. Uma modificação no OTP é permanente e não pode ser desfeita, portanto tenha certeza de que é isso que deseja fazer.
No Raspberry 3B+ pelo menos, posso afirmar que o boot ocorre por qualquer um dos dispositivos, SD ou USB, então não vejo malefício em ter o recurso.
Para constar, no Linux podemos utilizar o comando dd para transferir a imagem de sistema:
dd if=imagem_do_sistema.img of=/dev/mmcblk0 #ou /dev/sdX para um HD/SSD
Siga esse procedimento apenas se seu Raspberry não for o 3B+.
Instale um sistema base normalmente, um Raspbian minimal é o suficiente. Depois de fazer o login no sistema, use os comandos:
sudo su
echo program_usb_boot_mode=1 | sudo tee -a /boot/config.txt
reboot
Depois de reiniciar, faça o login novamente e verifique se o OTP está habilitado:
vcgencmd otp_dump | grep 17:
Deve retornar:
17:3020000a
Sem isso, nada de boot pela USB. Depois disso, pode remover a linha program_usb_boot_mode=1 do arquivo config.txt se desejar, mas não é necessário, exceto esse cartão possa ser utilizado para efetuar boot em outro Raspberry, porque aí o modificará também. Se removê-la, não deixe linha em branco ao final do arquivo.
Desligue o Raspberry, remova o cartão SD, conecte a mídia externa e então ligue o Raspberry. Deve levar até 10 segundos para começar o boot, não é rápido como o SD.
Nosso parceiro Baú da Eletrônica é a estrela desse artigo, recomendo a compra com eles. O produto está nesse link.
Daí eu recomendo a Brevit, que fez um excelente trabalho na imagem do Batocera, resultando no sistema do vídeo acima. Não acho que seja necessário fazer um vídeo, já que tem uma demonstração bem elaborada.
Brevit já não existe mais. Espero que as imagens com jogos tenham sido salvas pelos amantes de arcade - e que alguém possa me fornecer uma cópia.
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Autor do blog "Do bit Ao Byte / Manual do Maker".
Viciado em embarcados desde 2006.
LinuxUser 158.760, desde 1997.